O tempo surdo e mudo, lentamente vai transformado tudo

Quando a lei é branda, o algoz é rápido e faceiro, em conflito com interesses da sociedade, leva da vítima o material, o passado, o emocional, o presente, o astral e o futuro. Impunidade é a falta de castigo devido, em razão de um caso concreto. O correto deve ser o seguinte: "dura lex, sed lex".

domingo, 2 de outubro de 2011

SONHOS


Enclausurado, eu, por minutos,
No que parecia a eternidade,
Visualizei, sei lá, uma existência,
Bem além, admito, da realidade.

A ausência real da luminosidade,
Fez brotar o prenúncio do acaso,
O transe antes sem expressividade,
Do nada passou a cobrar o prazo.

Na alcova sempre costumeira,
Atenuado e entregue ao leito,
Notei surgir bem sorrateira,
A imagem do mundo suspeito.

Desconhecida, pra mim, até então,
A nítida utopia quiçá melindrosa,
Revelava uma exótica imensidão,
Cativa, oscilante e muito tenebrosa.

Em movimento veloz e constante,
Cruzei intensos vales desiguais,
Rancor, preguiça e melancolia,
Meiguice, desejo e comensais.

Felicidade, idealismo e disposição,
Dúvida, erraticidade e isolamento,
Liberdade, harmonia e gratidão,
Frivolidade, dor e estarrecimento.

Surto permanente do inconsciente,
Que por vezes traçou meu destino,
Catalisador de idéias intermitentes,
Ensejou provocar o meu desatino.

Quando pensei a sensatez ter perdido,
E a loucura haver a mente devorada,
Fui abduzido pelo teu toque divino,
E com o doce olhar trouxe a alvorada.

Em meio anjo meu, a angústia e a alegria,
Tentei sorver o digno instante derradeiro,
No liame do retorno ao mundo material,
No revés do oblíquo universo do barqueiro.

Só então, grato ao teu ato nobre e rotineiro,
Soube ver teu clássico semblante celestial,
E descobrir, bem mais uma vez, alvissareiro,
O meu amor eterno, fagueiro, singelo e ideal.

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